OAB promove ato público sobre os 50 anos do golpe militar e homenageia advogada tocantinense
A Ordem dos Advogados do Brasil realizou nesta segunda-feira, 31 de março, o ato público “Para Não Repetir”, que relembra os 50 anos do golpe militar, ocorrido na mesma data, em 1964. O encontro teve a presença de autoridades ligadas ao tema e lançamento de livros que rememoram o período, além da abertura da exposição “A Ditadura no Brasil – 1964/1985. A Verdade da Repressão. A Memória da Resistência”. O ato público ocorreu na sede do Conselho Federal da OAB, em Brasília. Na abertura do evento, o presidente do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, fez o lançamento oficial do livro “Defesa da Democracia e da Ordem Constitucional”, editado pela Ordem. Também foi exibido o vídeo “Raymundo Faoro – Diálogo pela Democracia”, em homenagem ao presidente da Ordem entre 1977 e 1979. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, participou do evento, juntamente com outros ministros. O ministério também foi representado pelo presidente da Comissão da Anistia, Paulo Abrão, que lançará os livros “Advogados em Tempos Difíceis”, “Caravana da Anistia: o Brasil Pede Perdão” e “Livro dos Votos da Comissão de Anistia: Verdade e Reparação aos Perseguidos Políticos no Brasil”. Durante o ato público Para Não Repetir, o deputado José Mentor também lançou o livro “Coragem – Advocacia Criminal nos Anos de Chumbo”. O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, coordenou a exposição sobre os trabalhos do grupo. Homenagem Dentre os homenageados no Ato, está a advogada Mery Ab-Jaudi, esposa de Epitácio Brandão, presidente da OAB/TO. Mery Ab-Jaudi Ferreira Lopes é advogada, especialista em Direito Constitucional e Direito Administrativo, e pós-graduada em Políticas e Estratégia Nacionais e Administração Pública pela Unitins - TO. Na OAB, já foi membro do Tribunal de Ética, de 1998 a 2000, da Comissão de Exame de Ordem, de 2004 a 2009, e presidente da Comissão de Direitos Humanos, de 2007 a 2009. No período de 1963 a 1972, Mary pertenceu ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Ainda no Ensino Médio iniciou sua atuação no movimento estudantil. Na Faculdade de Direito, na Universidade Federal de Goiás, foi secretária geral do Diretório Acadêmico. Na época, adotou o codinome de Berta. Chegou a ser presa e interrogada muitas vezes pelos militares. Era mantida encapuzada, incomunicável, em um cubículo apertado, reprimida e coagida, no 10º Batalhão do Exército, em Goiânia. A angústia e o sofrimento duraram quatro meses, até dezembro de 1972, quando foi indiciada como Comunista/Subversiva no Inquérito Policial Militar (IPM) nº. 687/73, instaurado em Goiás, o último a ser julgado. “Os prejuízos foram enormes, morais, financeiros e físicos, mesmo quando ainda cursava a Faculdade de Direito, como após a sua conclusão em 1974. Tive que deixar o trabalho. Tentei um concurso público para Juiz de Direito Substituto, com êxito na primeira fase, mas na segunda, quando ocorre a investigação da vida pregressa, fui eliminada. A minha ficha de comunista e indiciada em processo Militar me eliminou, mesmo tendo sido absolvida”, contou Mery. A partir de 1991, passou a residir no Tocantins, como Anistiada Política. E mesmo assim, a Agência Brasileira de Inteligência permaneceu acompanhando todos os seus passos, conforme consta no processo de anistiada em Goiás (Documento da Agência de Segurança Institucional). Hoje, Mery recebe uma reparação econômica de caráter indenizatório, na forma de pensão especial.