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Página inicial > Arquivo OAB > Em meio a Semana de Conciliação, OAB-TO reforça que advogado é indispensável
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Sentimento de propriedade masculino motiva casos de feminicídio, destaca Luiza Nagib Eluf

Na penúltima palestra da I Conferência da Mulher Advogada, na sexta-feira, 10 de março, a advogada, promotora de Justiça aposentada e escritora Luiza Nagib Eluf destacou que o sentimento de propriedade que muitos homens têm em relação às mulheres motivam os feminicídios (assassinato de mulheres por causa do gênero) no Brasil. “O feminicídio ocorre tanto no Brasil por que os homens se acham donos, proprietários da mulher. O que mais incomoda é quando a moça encontra outra pessoa. Aí o sujeito passa anos planejando matá-la. O criminoso passional feminicida gosta de praticar o delito na frente de outras pessoas, gostam que as outras pessoas saibam e se ninguém ver aquele 'justiçamento’, não serve”, ressaltou a comentar vários dos crimes detalhados no seu livro “A Paixão no Banco dos Réus”, que aborda 15 assassinatos passionais de mulheres no país que tiveram ampla repercussão. Organizada pela OAB-TO (Ordem dos Advogados do Brasil no Tocantins), por meio da CMA (Comissão da Mulher Advogada) e da ESA (Escola Superior de Advocacia), com apoio da Caato (Caixa de Assistência ao Advogado do Tocantins), a conferência teve atividades na quinta-feira, 9 de março, e na sexta-feira, 10 de março, no auditório da Ordem. Na sua palestra, Luiza lembrou que no Brasil a cada 11 minutos ocorre um estupro e a cada 10 minutos um espancamento de mulher. Para ela, desde pequenas as mulheres são criadas na pecha do medo, pois são ensinadas que muitas coisas apenas os homens podem e elas não. Assim, ela defende o empoderamento feminino para que a pessoa se sinta capaz de si, corajosa e produtiva. Em relação aos crimes passionais de homens contra mulheres, a palestrante ressaltou que o homicídio não ocorre por amor, mas sim porque o homem “quer mostrar para o mundo que ninguém põe chifre na cabeça dele”. “Ainda há dificuldade em mudar esse entendimento das coisas. O motivo não é amor”, frisou. Luiza afirmou que o Brasil tem uma cultura de matar mulher e no país as pessoas achavam esse crime bonito e perdoável. “No século passado, os matadores de mulheres eram absolvidos no Tribunal do Júri. Somos o quarto país no mundo em violência contra a mulher, entre 85 países. Os crimes em família geram tragédia que atingem várias gerações”, ressaltou. Polêmica Para Luiza, o conceito de propriedade da mulher é antigo. “Há muitos anos, pais pensam: 'preciso casar minha filha; não quero ter filha solteira em casa; ela tem que ser sustentada por alguém.’ E isso transforma a mulher em uma verdadeira mercadoria. E muitos assassinos até 1970 foram absolvidos com base nisso”, frisou, ao completar que “se as mulheres fossem matar os homens que traíram, não sobrava nenhum vivo no país”. Na sequência, a palestrante ainda criticou o conceito de fidelidade, dizendo que a natureza não ditou exclusividade de parceiros, mas sim a diversidade, e que os homens colocaram um muro que separa as mulheres como “boas para casar” e “mulheres da vida”. Segundo ela, os homens exigem fidelidade da mulher, mas apenas delas. “O homem não é dono do corpo da mulher. Enquanto não perdemos o medo, vamos continuar apanhando. Mulher é mulher e não interessa o que ela faz com sua sexualidade”, frisou. Casada há 38 anos, ela ressaltou que na própria casa esse preconceito e exigência ocorre. “Os meus filhos são assim. Querem que as namoradas deles sejam fiéis, mas eles não são. Fidelidade causa tragédia. Alguém inventou que tem que ser fiel, mas inventou só para mulher, para o homem não. Cinto de castidade só para as mulheres, nunca teve para os homens”, detalhou. Por fim, ela pediu união das mulheres, para que os direitos de todas sejam respeitados.

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