OAB-TO e ESA-TO promoveram encontro sobre Implante Coclear em Palmas
A Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB-TO (Ordem dos Advogados do Brasil no Tocantins) e a Escola Superior de Advocacia do Tocantins (ESA/TO) promoveram neste sábado, 29 de abril, na Praia da Graciosa e na Ilha do Canela, em Palmas, o 2º Encontro de Usuários de Implante Coclear, Pessoas Surdas e com Deficiências Auditivas, Pais, Amigos, Candidatos a Implante Coclear e demais interessados. O evento reuniu usuários de implante coclear dos Estados de SP, RJ, PA, BA, MG, RS, PR e TO, candidatos à cirurgia, familiares, alunos, professores e profissionais de diversas áreas. O objetivo foi discutir e permitir a troca de experiências, abordar temas relacionados com a surdez, as causas do problema, o tratamento, a cirurgia coclear pelo Sistema Único de Saúde (SUS), entre outros assuntos. O implante coclear é um dispositivo eletrônico de alta tecnologia, também conhecido como ouvido biônico, que estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes, permitindo a transmissão do sinal elétrico para o nervo auditivo, a fim de ser decodificado pelo córtex cerebral. O funcionamento do implante coclear difere do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). O AASI amplifica o som e o implante coclear fornece impulsos elétricos para estimulação das fibras neurais remanescentes em diferentes regiões da cóclea, possibilitando ao usuário, a capacidade de perceber o som. Atualmente existem no mundo, mais de 60.000 usuários de implante coclear. Após a realização do implante, os pacientes são acompanhados por uma equipe de multiprofissionais composta por médico otorrinolaringologista, fonoaudiólogo, assistente social e psicólogo. O objetivo é garantir a adaptação do aparelho. “Foi um momento ímpar para Palmas, para o Tocantins. Atingimos o objetivo social do evento que foi trazer informações aos tocantinenses sobre o tema. Durante o evento, esclarecemos e tiramos as dúvidas sobre o que seja implante coclear, não só às pessoas com deficiências auditivas e candidatas a implantes, mas também a todos que queriam conhecer um pouco mais sobre o assunto”. Disse o presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB-TO, Arlindo Nobre, que explicou ainda, que em Palmas, o paciente auditivo que pretende se candidatar ao implante através do SUS, deve procurar os profissionais fonoaudiólogos, no Centro de Diagnóstico e Reabilitação Auditiva (Cedrau), instalado no Hospital Geral de Palmas (HGP). Na Cedrau, o paciente vai passar por exames e triagem, e posteriormente, se cadastrar no grupo de Implante Coclear da Universidade de São Paulo (USP), através do site, explica Arlindo. A diretora geral da ESA-TO, Gisela Maria Bester, falou da importância do evento no Tocantins. "É para a ESA-TO uma grande honra promover um evento em tal temática, de enorme benefício para a inserção social de pessoas com deficiências auditivas. A função social de uma Escola também pode e deve ser medida por ações educativas de cunho humanista, como esta, que enaltece caminhos de luta para a efetivação de direitos humanos fundamentais das pessoas em nosso Estado", afirma a professora. A fonoaudióloga e professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Barbara Cristina da Silva Rosa, que conferiu palestra sobre o tema: Implante Coclear e Novas Tecnologias, falou também da satisfação em participar de um evento como esse no Tocantins. “Esse encontro foi de fundamental para o Tocantins. Nosso objetivo foi trazer informações importantes aos familiares, amigos, profissionais de diversas áreas do conhecimento e para aqueles que são pré-candidatos ou candidatos ao implante. Foi um momento de conhecimento através de palestras e depoimentos de pessoas implantadas, que vieram de outros Estados do País, com a finalidade de tirar as dúvidas sobre os procedimentos e etapas para aquisição do implante coclear, que é oferecido por meio da rede particular ou gratuita, através do SUS, conforme determina a Lei nº 9.656, de 1998”, disse a fonoaudióloga. Depoimentos O estudante do Curso de Propaganda e Marketing, de São Paulo, Marcelo de Paula, 30 anos, que nasceu ouvinte, perdeu a audição quando tinha 8 anos, por motivo de uma caxumba.Com o implante realizado em 2011, sua vida profissional e pessoal foi totalmente alterada. “Com o implante eu redescobri o mundo do som, e hoje consigo levar minha vida normal,” relatou. O Marcelo administra a página: Jovens e o Implante Coclear, onde contém vários relatos de pessoas usuárias do Implante Coclear. O mestre em Engenharia Mecânica do Rio de Janeiro, Marcus Felipe, 35 anos, que fez o implante Coclear em 2000, diz que sua vida mudou totalmente após a cirurgia. “Depois de implantado, minha vida mudou totalmente, abriu um leque de opções. Antes eu tinha muitas limitações. Com o implante, eu fiz o curso de inglês, espanhol, e me qualifiquei para o mercado de trabalho”, disse. A locutora, Antônia Marcia, de Itacajá – TO, mãe de Nícolas Gabriel, 8 anos, candidato ao implante coclear conta que seu filho foi diagnosticado com problemas de surdez bilateral profunda quanto tinha 1 ano. Para ela superar o preconceito da própria família é o seu maior desafio. “Enfrentei preconceito da própria família, pois muitos não acreditam que meu filho pode ter a possibilidade de ouvir com a cirurgia de implante coclear. Enfrento vários obstáculos, principalmente financeiro, mesmo assim consegui realizar o cadastro do meu filho para fazer a cirurgia através do SUS, no Hospital das Clínicas, em São Paulo,” disse Marcia, que falou também que o 2º Encontro de Implante Coclear em Palmas foi um evento muito importante, de encontro e troca de conhecimento. “Conheci o grupo de pessoas com implante coclear por meio da internet, foi através deles que eu busquei me informar sobre o assunto. Encontrar com eles aqui em Palmas foi muito especial para mim”, conclui. Por: Marcus Wagner Sá / Ascom OAB-TO